Hoje em dia o ceticismo
tem crescido muito no meio juvenil. Esses céticos seguem filósofos dos séculos
passados como Nietzsche, Kant e Hume. O ceticismo tenta destruir tudo o que diz
“Isso é certo ou errado”, ou seja, as religiões. Hoje eu vou defender a tese de
que existe sim verdade absoluta, que é possível acreditar em algo.
- O que é a verdade?
A verdade pode ser
definida como “propriedade de estar conforme os fatos ou a realidade” ou “a
fidelidade de uma representação em relação ao modelo ou original”. Ao contrário
do que está sendo ensinado por aí, a verdade não é relativa, mas absoluta. Se
alguma coisa é verdadeira, ela é verdadeira para todas as pessoas, em todos os
momentos, e, todos os lugares. Toda verdade afirma ser absoluta, completa e
exclusiva. Pense na afirmação “Toda a verdade”, essa é uma afirmação absoluta,
completa e exclusiva. E de fato, todas as verdades excluem seus opostos. Até
mesmo as verdades religiosas.
Há algum tempo atrás eu
conversava com um amigo meu, ele é cético. O nome dele é Brão, ele deixou que
eu citasse o nome dele.
Brão: Não existe
verdade absoluta, toda verdade é relativa.
Eu: E isso é verdade?
Brão: Só sei que nada
sei.
Bom, ele tentou fugir
da realidade de que a verdade é absoluta, eu consegui acabar com um argumento
inteiro dele apenas com uma pergunta simples. Vemos que a afirmação “Não existe
verdade absoluta” é falsa em si mesma, ou seja, ela não satisfaz seu próprio
padrão. É como se um estrangeiro dissesse: “Eu não consigo falar uma palavra
sequer em português”. Se alguém dissesse isso, você obviamente responderia:
“Espere um minuto! Sua afirmação é falsa porque você acabou de falar em
português”.
Como tenho certeza que
você sabe a afirmação de Brão “Não existe verdade absoluta” – Pretende ser
verdadeira e, portanto, derrota a si mesma. Ele basicamente disse “A verdade é
que não existe verdade”
Existem outras
afirmações pós-modernas falsas em si mesmas, como “É verdade para você, mas não
é verdade para mim” (Essa afirmação é verdadeira apenas para você ou para todo
mundo?) essa afirmação pode ser o mantra de nossos dias, mas o mundo não
funciona realmente assim, tente dizer isso ao caixa do banco, a policia ou à
receita federal e você verá até onde vai. Se realmente não existe verdade,
então por que tentar aprender alguma coisa? Por que um aluno deveria dar ouvido
a um professor? Afinal, o professor não tem a verdade. Qual é o objetivo de ir
à escola, quanto mais pagar por ela? Qual é o objetivo de obedecer às
proibições morais de um professor quanto a colar nas provas ou plagiar
trabalhos de outras pessoas? Por que deveríamos agir da maneira “certa” quando
nós pensamos que não existe essa coisa de “certo”?
Ideias falsas sobre a
verdade levam a falsas ideias sobre a vida. Portanto, a verdade existe. Ela não
pode ser negada.
- A verdade é
descoberta, e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que
uma pessoa tenha dela (a lei da gravidade existia antes de Newton)
- A verdade é
transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então ela é verdadeira para todas
as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas (2 + 2 = 4 para todo o
mundo, em todo lugar, o tempo todo).
- A verdade é imutável,
embora as nossas crenças sobre a verdade possam mudar (quando começamos a
acreditar que a Terra era redonda, em vez de plana, a verdade sobre a Terra não
mudou; o que mudou foi nossa crença sobre a forma da terra).
- As crenças não podem
mudar um fato, não importa com que seriedade elas sejam esposadas (alguém pode
sinceramente acreditar que o mundo é plano, mas isso faz apenas a pessoa estar
sinceramente errada).
- A verdade não é
afetada pela atitude de quem a professa (uma pessoa arrogante não torna falsa a
verdade que ela professa. Uma pessoa humilde não faz o erro que ela professa transformar-se
em verdade).
- Todas as verdades são
verdades absolutas. Até mesmo as verdades que parecem ser relativas são
realmente absolutas. (A afirmação de que “Eu, Paulo Oliveira, senti calor no
dia 20 de Março de 2014” aparentemente é uma verdade relativa, mas é realmente
absoluta para todo mundo, em todos os lugares, que Paulo Oliveira teve a
sensação de calor naquele dia).
Em resumo, é possível
haver crenças contrárias, mas verdades contrárias é uma coisa impossível de
existir.
- O ceticismo de Hume: O principio da verificabilidade empírica
De acordo com Hume, não
existe experiência sensorial para conceitos que estejam além do físico e não se
deve acreditar em nenhuma afirmação metafísica (Aqueles conceitos que estão
além do físico, incluindo Deus), pois elas são sem sentido. Hume afirmou que as
proposições só podem ter sentido se satisfazerem uma das duas condições a
seguir:
- A afirmação
verdadeira é um raciocínio abstrato como uma equação matemática ou uma
definição (ex: 2+2 = 4 ou “todos os triângulos tem três lados”).
- A afirmação
verdadeira pode ser verificada empiricamente por meio de um ou mais dos cinco
sentidos.
O princípio da
verificabilidade empírica afirma que só existem dois tipos de proposições
válidas: 1) Aquelas que são verdadeiras por definição e 2) Aquelas que são
verificáveis empiricamente. Uma vez que o principio da verificabilidade
empírica em si mesmo não é verdadeiro por definição nem pode ser verdadeiro
empiricamente, ele não tem sentido. O empirismo (conhecimento adquirido através
da observação, experiência) de Hume é falso em si mesmo.
- O agnosticismo de Kant:
Immanuel Kant afirma
que não existe meio de saber nada sobre o mundo real, nem mesmo as coisas
verificáveis empiricamente. De acordo com Kant, a estrutura dos seus sentidos e
da sua mente formam todas as informações que vêm dos sentidos, de modo que você
nunca pode conhecer a coisa em si. Você apenas conhece alguma coisa para você,
depois que os seus sentidos formaram essa ideia. Em resumo, você não pode
conhecer algo do mundo real em si mesmo, mas apenas algo apreendido pelos seus
sentidos.
Kant diz que ninguém
pode conhecer o mundo real, enquanto afirma conhecer alguma coisa sobre ele, a
saber: que o mundo real é impossível de ser conhecido. Com efeito, Kant diz que
a verdade sobre o mundo real é que não existem verdades sobre o mundo real.
Kant disse saber que as
informações que chegam ao seu cérebro nada mais são do que fenômenos. Mas, com
o objetivo de saber isso, precisaria ser capaz de ver mais do que simplesmente
o fenômeno. Em outras palavras, com o objetivo de diferenciar uma coisa de
outra, você precisa ser capaz de perceber onde termina uma e começa a outra.
Com o objetivo de diferenciar a coisa do mundo real daquela que é somente
percebida, Kant precisaria ser capaz de ver as duas. Mas é exatamente isso que
ele diz não poder ser feito. Ele diz que apenas o fenômeno da mente pode ser
conhecido, e não o mundo real.
Em outras palavras,
Kant estava errado: a sua mente não modela o mundo real, mas o mundo real modela
sua mente. Não existe um vácuo entre a sua mente e o mundo real.
Resumindo tudo, Se Kant
afirma que não pode conhecer coisa alguma sobre o mundo real (a coisa em si),
então como ele sabe que o mundo real existe? E, segundo, sua visão é falsa em
si mesmo porque ele afirma que não se pode conhecer nada sobre o mundo real,
enquanto afirma que ele sabe que o mundo real não pode ser conhecido.
Todas as vezes que
dizemos qualquer coisa estamos deixando implícito que conhecemos pelo menos
alguma verdade, porque qualquer posição ou qualquer assunto implica algum grau
de conhecimento. Se você disser que a posição de alguém está errada, então você
deve saber o que é certo para poder dizer isso. Até mesmo ao dizer “eu não sei”
como meu amigo Brão, você está admitindo que sabe alguma coisa, ou seja, que
você sabe que não sabe alguma coisa a mais sobre o tópico em questão.
Referência:
GEISLER,
Norman & TUREK, Frank. Não tenho fé o suficiente para ser ateu. São Paulo:
Editora Viva, 2006.
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